terça-feira, 19 de outubro de 2010

Heloísa Helena se afasta da presidência do PSOL


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Comunicado de Afastamento da Presidência Nacional do PSOL

1. Agradeço a solidariedade de muitos diante da minha derrota ao Senado (escrevo na primeira pessoa pois sei, como em outras guerras ao longo da história já foi dito "A vitória tem muitos pais e mães, a derrota é orfã!). Registro que enfrentei o mais sórdido conluio entre os que vivem nos esgotos do Palácio do Planalto - ostentando vulgarmente riquezas roubadas e poder - e a podridão criminosa da política alagoana. Sobre esse doloroso processo só me resta ostentar orgulhosamente as cicatrizes, os belos sinais sagrados dos que estiveram no campo de batalha sem conluio, sem covardia, sem rendição! 

2. Comunico à Direção Nacional e Militância do PSOL a minha decisão de formalizar o que de fato já é uma realidade há meses, diante das alterações estatutárias promovidas pela maioria do DN me af astando das atribuições da Presidência. Como é de conhecimento de todas(os) fui eleita no II Congresso Nacional por uma Chapa Minoritária, composta majoritariamente pelo MES e MTL, em um momento da vida partidária extremamente tumultuado que mais parecia a velha e cruel opção metodológica das lutas internas pelo aparato diante dos escombros de miserabilidade e indigência da nossa Classe Trabalhadora. Daí em diante o aprofundamento da desprezível carnificina política foi ora transparente ora dissimulado mas absolutamente claro! 

    Assim sendo, em respeito à nossa Militância e aos muitos Dirigentes que tanto admiro e por total falta de identidade com as posições assumidas nos últimos meses pela maioria das Instâncias Nacionais ( culminando com o apoio a Candidatura de Dilma!) tenho clareza que melhor será para a organização e estruturação do Partido o meu afastamento e a minha permanência como Militante Fundadora do PSOL, sempre à disposi ão das nobres tarefas de organização das lutas do nosso querido povo brasileiro! Avante Camaradas!     

                                                                Maceió, 19 de Outubro de 2010
                                                                  Heloísa Helena

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Esquerda alagoana e a miséria eleitoral

Pesoal, vou reproduzir aqui um texto do Blog do Odilon Rios - site Alagoas24horas -  que o autor é o Golbery Lessa, onde fala da "desgraça" eleitoral em 2010 e sobre a esquerda alagoana. Vale a pena ler!!!

Golbery Lessa - escrito para o blog do Odilon Rios
Golbery Lessa

Os resultados eleitorais de 2010 demonstram que a esquerda alagoana continua sofrendo as conseqüências políticas negativas da falta de compreensão da realidade local e de entendimento de seus próprios erros organizacionais. O seu mergulho no pragmatismo mais absoluto, que tem se aprofundado a cada momento, é o caminho contrário ao que deveria seguir e não tem sido eficiente sequer para conseguir um bom desempenho nas urnas, que seria apenas um dos seus objetivos.

O PT elegeu Judson Cabral, Marcos Madeira e Ronaldo-INSS como deputados estaduais; viu a derrota de Pinto de Luna, Gilberto Coutinho e Paulão para o cargo de deputado federal. Como Marcos Madeira e Ronaldo-INSS não são petistas históricos e entraram no partido apenas por interesses conjunturais, podemos considerar que o PT elegeu de fato apenas Judson Cabral, tendo sua bancada na Assembléia Legislativa encolhido para um deputado.

Eduardo Bomfim e Heloísa Helena foram derrotados e demonstram em suas derrotas os resultados de alguns erros básicos da esquerda local nas duas últimas décadas. Os principais equívocos são: falta de entendimento concreto da realidade alagoana, estruturas partidárias baseadas no personalismo e distanciamento de idéias fortalecedoras da sociedade civil, dos trabalhadores em particular. Heloísa, por exemplo, não percebe que a esquerda não pode ter um postura monárquica, desprezando as organizações da sociedade civil em benefício da idéia de que uma personalidade teria a “verdade” e a “razão” política. A singularidade das grandes lideranças políticas não reside no fato de estarem acima das organizações ou de serem “sábios infalíveis”, mas de representarem um pólo de aglutinação delas. Mandela não é Mandela, é o Congresso Nacional Africano.

O individualismo político exacerbado de Heloísa, que convive com um coletivismo generoso na vida pessoal e nas suas intenções éticas, foi eficiente durante o 17 de Julho de 1997 porque o movimento era muito emocional, difuso e o momento era trágico. As circunstâncias não permitiam a espera do fortalecimento das instituições da sociedade civil, a agudeza da crise convivia com a falta de avanço de meios coletivos democráticos para solucioná-la, o que abriu espaço para uma adesão acrítica a qualquer liderança que demonstrasse combatividade e radicalidade. Ao enfrentar os deputados da situação nas piores circunstâncias, Heloísa foi decisiva para solucionar a crise de 1997 e isso criou a idéia de que a então deputada seria capaz de mostrar novos caminhos para a política alagoana.

Essa esperança não se realizou porque Heloísa não entendeu que aquele estilo individualista e mesmo messiânico de fazer política só seria eficiente para as condições existentes no 17 de Julho. Essa incompreensão se reflete, por exemplo, até na aspereza de sua entonação e no caráter trágico das imagens dos seus discursos posteriores. Tudo é urgente e imediato, os princípios morais sempre são gritados em qualquer circunstância, e ela acredita que precisa ter a última palavra, a “verdade” sobre tudo.

A “verdade” política não seria uma construção coletiva, mas o resultado de uma intuição infalível da liderança. Em um cargo executivo, como prefeito ou governador, Heloísa não conseguiria manter a unidade do governo, a não ser criando uma espécie de oligarquia formada pelos amigos mais próximos e os parentes. Esse resultado seria o contrário do sonho socialista e democrático de Heloísa. Ronaldo Lessa realizou essa trajetória negativa possível para Heloísa e, dessa forma, não pode mais ser considerado um político de esquerda.

Bomfim teve várias preocupações com a construção de um partido político, o PC do B, percebeu bem os caminhos possíveis durante a luta com a ditadura, preocupou-se com o fortalecimento da sociedade civil, sabe fazer mediações e não se nega a efetivar as alianças que em política são uma constante. Por outro lado, Bomfim teve dificuldade de entender a conjuntura pós-ditadura, principalmente a relação entre a nova conjuntura nacional e as singularidades de Alagoas. Manteve a idéia de frente ampla com os liberais conservadores mesmo depois que na Nova República esse grupo e os comunistas estavam em circunstâncias antípodas, já que não tinham mais qualquer objetivo estratégico comum.

Igualmente não percebeu que muito conservadores se escondiam em discursos retoricamente democráticos. Esse descasamento entre sua estratégia e a realidade foi criando um abismo entre sua liderança, o partido e as massas. O partido perdeu as massas para o PT e, depois, Bonfim perdeu o partido, ou pelo menos a maior parte dos militantes históricos.

Heloísa e Bomfim trazem a marca das conjunturas históricas que os lançaram na política. A primeira, é cria do 17 de julho de 1997; o segundo, é filho da luta contra a ditadura militar. Não conseguiram adaptar-se às novas conjunturas e, por esse motivo, definham. Para minha tristeza, pois os reputo como heróis.

Paulão surfou desde sempre na moderação social-democrata e nos interesses dos sindicatos urbanos. Fez sempre um discurso adequado aos limites da consciência imediata dos trabalhadores, procurando nunca ficar muito adiante desta. Esse ater-se exclusivamente aos interesses corporativos dos sindicatos de servidores lhe garantiu o cargo de deputado estadual, mas na eleição de 2006 o desgaste produzido por sua disposição de curvar-se exageradamente diante dos interesses nacionais do PT (chegou a dizer a ambígua e autodestrutiva frase: “Temos um projeto nacional, não um projeto local”) o convenceu a aceitar financiamento até de grandes usinas, que bancaram 80% de seus gastos eleitorais declarados ao TRE. Para Lula, os usineiros paulistas compõem mais um dos setores da indústria brasileira dispostos a apoiarem a política econômica ortodoxa que permite ao presidente aumentar gastos sociais e obter popularidade; para uma liderança política da esquerda alagoana, a aliança com os usineiros é a união com os responsáveis pelo travamento do progresso político e econômico do Estado. Nessa eleição, as primeiras informações dão conta que Paulão aprofundou seu caminho pragmático e mesmo assim foi derrotado.

Judson Cabral, o único vitorioso na eleição de 03 de outubro, tem compreendido vários dos problemas da esquerda e trabalhado para não repeti-los. Organiza seu gabinete com profissionais qualificados e não com cabos eleitorais ou amigos, o que lhe dá tranqüilidade para exercer seu mandato com eficiência e combatividade. Rejeita o pragmatismo eleitoral, priorizando o debate de idéias e o voto de opinião. Afasta-se de qualquer vantagem pecuniária ilegal ou imoral que outros deputados não rejeitam. Para alcançar degraus mais altos, como a Câmara Federal ou a prefeitura de Maceió, precisa apena deixar de ser representante exclusivo da classe média e entender o que sensibiliza os trabalhadores alagoanos de baixa renda, inclusive os camponeses. É uma luz no fim do túnel.

A esquerda revolucionária, representada pelo PCB e pelo PSOL, demonstrou mais uma vez que não está entendendo as necessidades e os anseios dos trabalhadores. Precisa, essencialmente, trabalhar nos principais sindicatos operários, principalmente organizar a vanguarda da classe operária alagoana, que são os cem mil assalariados do chão da fábrica das usinas de açúcar. Precisa fazer esse “pequeno” dever de casa, mais difícil do que construir uma pirâmide egípcia, e depois pensar em chegar aos outros setores da população. Sem força operária, ninguém lhes dará atenção política. Não adianta ficar no fácil trabalho entre os servidores públicos e estudantes universitários.

Ao contrário do que seria mais lógico depois da “Operação Taturana”, os políticos de estilo tradicional, intimamente vinculados ao clientelismo e ao patrimonialismo, venceram facilmente para os cargos de deputado e senador. Isso ocorreu porque a esquerda errou tanto novamente que não representou uma alternativa efetiva para o eleitorado. O caráter “oligárquico” da estrutura dos partidos de esquerda alagoanos, bem no estilo da “lei de ferro das oligarquias partidárias”, impediu que a mobilização provocada em volta da “Operação Taturana” pudesse consolidar novas lideranças e novas candidaturas. Isso explica a derrota de Pinto de Luna. Mesmo que a direita renunciasse ao processo eleitoral, a esquerda não teria quadros suficientes para compor todos os nomes da Assembléia Legislativa. A esquerda perdeu por “W.O”.

O dinheiro correu solto na eleição, mas isso não explica a vitória da direita. A própria “monetarização” da campanha demonstra que o eleitor de cabresto, aquele que votava pelos favores recebidos do “coronel”, não é mais hegemônico. Agora a maior parte do eleitorado alagoano é um vendedor de sua “mercadoria” eleitoral, o voto, e o negocia com sutilizas de comerciante experiente. No dia em que a esquerda alagoana demonstrar um caminho mais lucrativo para este moderno “negociante” eleitoral, apresentando um programa de reformas e políticas públicas que beneficie por caminhos plausíveis diretamente esse “racional” eleitor, o alagoano poderá cantar com orgulho uma das mais belas estrofes do nosso hino e que faz uma referência a Palmares: “Nestes céus, nas azuis serranias/ Nós, só livres, podemos viver”.


terça-feira, 5 de outubro de 2010

O "Tsunami" na política brasileira

Domingo, 03 de outubro de 2010, abertas às urnas das eleições com surpresas. Resultados inusitadas por todo o país. Incrivelmente - políticos líderes nos Estados e no Brasil  - amargam a dura realidade da derrota nas urnas.

Os candidatos quase eleitos acreditavam em antagônicas pesquisas eleitorais - que influênciam ou não os eleitores -  por estarem em primeiro lugar. Terminada a votação, supresas aparecem e um grande "Tsunami" acabou com a história de grandes líderes da política brasileira.

Exemplos como Tasso Jereissatti (PSDB-CE), Romeu Tuma (PTB-SP), Marco Maciel (DEM-PE), Luciana Genro (PSOL-RS), Arthur Virgílio (PSDB-AM), Heráclito Fortes (DEM-PI), Heloisa Helena (PSOL-AL) e tantos outros que ficaram de fora do Congresso Nacional em 2011.

Alguns declararam não mais querer saber de política. Outros, porém, ainda não decidiram se devem continuar na vida pública depois da derrota de 2010. Mas, acredito eu, que não se deve abandonar o barco por ter perdido uma luta: afinal, a batalha nem foi alcançada.

E os novos opositores ao novo governo? Acredito que o congresso vai sentir falta de Luciana Genro e Heloísa Helena. Só as duas poderiam ser oposição aos governos do PT e/ou PSDB. Enfim, ganhando o PT ou PSDB o Congresso Nacional ficou um vácuo sem essas personalidades políticas e históricas para o Brasil. Portanto, o que nos resta é aguardar o "rolo compressor" das próximas eleições.

... e assim, cantarolava Raul Seixas:

"Tente! (Tente!)
E não diga
Que a vitória está perdida
Se é de batalhas
Que se vive a vida
Han!
Tente outra vez!..."

‘Sinto-me vitoriosa, porque não me vendi’, diz Heloísa



Créditos: Site CadaMinuto

 A vereadora Heloísa Helena (Psol)  - candidata derrotada ao senado em 2010 -  falou hoje (05) em alguns meios de comunicação sobre sua derrota. Além do França Moura (Rádio Jornal AM), HH voltou à Câmara Municipal de Vereadores de Maceió para dar continuidade ao seu trabalho como legisladora. Aqui segue uma das entrevistas concedidas.

Por Luis Vilar, do site Alagoas24horas

A vereadora Heloísa Helena (PSOL) falou – na manhã de hoje, dia 5, durante sessão da Câmara Municipal de Maceió – sobre a derrota sofrida nas urnas, no último domingo, dia 3. Heloísa Helena concorreu a uma das vagas do Senado Federal e obteve 417.636 mil votos, o que corresponde a 16,60%.

Entretanto, não conseguiu se eleger. As duas vagas foram ocupadas por Renan Calheiros (PMDB) e Benedito de Lira (PP). De acordo com a vereadora, apesar da derrota nas urnas, ela sente-se “vitoriosa”. “Sinto-me vitoriosa por que não me rendi e não me vendi. Eu não participei de conluio algum”, frisou.

Heloísa Helena ainda complementou: “Eu prefiro as derrotas eleitorais às vitórias com as velhas formas de fazer política, roubando o dinheiro público”, destacou. A vereadora tem pelo menos mais dois anos de mandato na Câmara Municipal de Maceió. Depois disto, ela ainda “vai pensar em sua trajetória política”.

Indagada sobre o futuro, Heloísa Helena – um dos principais nomes do PSOL – frisou: “Eu quero pensar, mas pensar objetivamente e emocionalmente. Eu sei que a política é um bom meio de vida para quem é ladrão e mentiroso. Para quem é do bem e honesto é uma tarefa difícil de sempre nadar contra a corrente todos os dias”.

A vereadora foi questionada ainda sobre a possibilidade de abandonar as disputas eleitorais, mas negou a hipótese. “Todas as pessoas dignas que estão na política pensam em deixar. É natural. Mas, não vou dar este gosto aos meus adversários políticos. Não vou dar a eles esta dupla vitória. A gente tem que pensar no papel que a gente cumpre na sociedade”, avaliou Heloísa Helena.

Em relação a apoios no 2° turno, Heloísa Helena destacou que seria precipitado ela decidir alguma coisa antes das reuniões com o partido e conversa com eleitores dela. A senadora agradeceu os mais de 400 mil votos e salientou que deve conversar com os membros do PSOL sobre os posicionamentos a serem tomados.

“É preciso discutir com o partido e com os eleitores, mas o meu eleitor não precisa que eu o oriente em quem votar. Eu costumo dizer que os meus eleitores são homens e mulheres livres que não precisam de orientação política alguma para decidir”, destacou. Heloísa Helena disse ainda que só ficava triste porque existem neste momento “eleitores tristes” com o resultado das urnas em relação ao Senado Federal.

O PSOL concorreu nas eleições deste ano com uma chapa puro sangue. O partido lançou candidatos em todas as esferas. Nenhum foi eleito. O candidato ao governo, Mário Agra, ficou na quarta colocação com pouco mais de 18 mil votos. Heloísa Helena foi o único nome do partido lançado ao Senado Federal.

Em Alagoas, apenas Heloísa Helena e Ricardo Barbosa detém mandatos pelo PSOL. Ambos estão como vereadores na Casa de Mário Guimarães

Iniciando um novo ciclo de opiniões

Como jornalista, estudante de direito abro este espaço aqui -  expondo minha opinião e colocando fatos importantes em Alagoas - para que meus seguidores e leitores possam fazer valer suas sugestões. Inicio um ciclo de opiniões jornalísticas para que possamos estreitar os laços de companheirismo, amizade e de trabalho.

Conto com todos vocês.

Atenciosamente:

Kléverson Levy